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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

CALÚNIA - ELISA LYNCH E A GUERRA DO PARAGUAI

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Michael Lillis, escritor irlandês, um dos autores de Calúnia, ouviu falar pela primeira vez da controversa personalidade de Elisa Lynch e de sua importância histórica em 1989, em conversa com o então presidente do Paraguai, general Andrés Rodrigues. A partir daí, o interesse pela fascinante trajetória dessa mulher, nascida na Irlanda, em 1833, só fez aumentar. “Aos 36 anos, Elisa já era uma das mulheres mais ricas do mundo e era chamada de ‘rainha do Paraguai’, por ser a mulher e mãe de sete filhos do ditador Francisco Solano Lópes”, comenta Lillis.
Calúnia, que terá lançamento simultâneo em inglês (Gill & Macmillan), espanhol (Grupo Santillana) e português (Terceiro Nome), resgata a história de Elisa, declarada, em 1961, heroína nacional do Paraguai. Resgata também, de maneira marcante, a história da Guerra do Paraguai, o mais violento conflito da História da América do Sul, responsável pela morte de dezenas de milhares de brasileiros e, o que é ainda mais terrível, pela morte de 90% dos homens paraguaios com mais de sete anos e de 50% das mulheres e crianças do país. Uma imagem simboliza a devoção de Elisa ao país adotivo: em 1º de março de 1870, após a última batalha da Guerra do Paraguai, Elisa enterra com as próprias mãos seu amado ditador e seu filho mais velho, de 15 anos, mortos pelos soldados brasileiros – cena representada em sua lápide, monumento dominante no Cemitério Nacional do Paraguai.
O livro aparece, por causa desses elementos, em um momento especial das relações entre o Brasil e o Paraguai, em que se faz necessário, segundo Michael Lillis – ex-diplomata e ex-embaixador da Irlanda na ONU – um gesto de reconciliação mais significativo entre os dois governos. Momento também em que, na voz unânime dos historiadores e pesquisadores, seria fundamental a abertura dos arquivos oficiais sobre a cruel Guerra (inexplicavelmente cerrados pelos militares), para esclarecimento final da opinião pública, sem temor de culpas históricas.
Elisa teve também, dentro e fora do Paraguai, muitos detratores. Surpreendentemente bela, foi definida como uma prostituta maquiavélica que teria seduzido e roubado magnatas franceses, ingleses e russos antes de enfeitiçar o futuro ditador paraguaio, e acusada de o haver incitado à desastrosa guerra contra os vizinhos Brasil, Argentina e Uruguai. Uma vasta – e algumas vezes obscena – literatura em espanhol e português tem Elisa como personagem principal, armando a teia de calúnias que inspirou o título do livro, sem nunca ter sido capaz, no entanto, de desvendar os mistérios que a cercam. Literatura que reflete o ódio de seus inimigos, mas também a fascinação por seu glamour e poder e o reconhecimento pelo que ela levou ao Paraguai em termos de costumes – na dança, na música, no vestuário, na culinária, na emancipação da mulher.
Agora, de forma inédita, Michael Lillis e Ronan Fanning finalmente dão conta desses e dos demais enigmas que envolvem essa figura histórica tão controversa. Eles se reuniram a outros estudiosos da Guerra do Paraguai num seminário de duas semanas sobre Elisa, em Assunção, em 2001. A partir daí, pesquisaram fontes originais por toda a América Latina, Europa e Estados Unidos, com o apoio do comandante Rolim Amaro,
então presidente e proprietário da TAM, a quem o livro é dedicado por ter ele morrido em acidente durante a sua ação de suporte à execução da obra.
Os autores tiveram, assim, acesso exclusivo a documentos e fotos de família até agora inéditos. Calúnia apresenta, ainda, a primeira publicação em português de Declaração – Protesto que faz Elisa Lynch, poderoso panfleto de ataque aos inimigos, escrito por Elisa, com informações rejeitadas na época, mas que seriam confirmadas pela extensa pesquisa desta biografia. Revelaram uma mulher de estonteante beleza e extraordinária determinação que foi caluniada, como ela própria conta em sua Declaração, e que os fatos apresentados neste livro dão agora ao leitor a opção de redimir.

Calúnia – Elisa Lynch e a Guerra do Paraguai
Editora Terceiro Nome
312 páginas, brochura, 16 x 23 cm;
de R$ 48,00 por R$ 36,00 na Arte Paubrasil
ISBN 9788578160449

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